No Prós e Contras desta segunda-feira, discutiu-se a “Greve Geral – Os Ganhos e Perdas”. E foi penoso ver uma senhora, que foi secretária-geral adjunta da CES (Confederação Europeia dos Sindicatos) e agora exibe o título de Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social deste Governo, mostrar o vazio do seu pensamento político, refugiando-se em generalidades para disfarçar a sua completa incapacidade de explicar e justificar o naufrágio da política governativa. Nem com a ajuda prestimosa da habitual moderadora situacionista de serviço, Fátima Campos Ferreira, sempre diligente a dar a mão ao Governo e a passar todas as culpas das medidas anti-sociais para as costas da União Europeia, conseguiu apagar a ideia de que é mais um náufrago sem bússola num governo à deriva.
Foi particularmente edificante ver esta ministra a titubear a sua incapacidade e falta de convicção para justificar os cortes salariais, a sua legalidade e constitucionalidade, se são temporários ou definitivos, ou mesmo a intenção do Governo os estender aos trabalhadores sujeitos a contratos de trabalho do sector privado (como as empresas do sector empresarial do Estado), tendo de se esconder atrás das declarações do Ministro das Finanças, à míngua de argumentos. Além da bengala prestimosa da moderadora, nem sequer conseguiu apoio às políticas do Governo dos conferencistas que supostamente estariam do seu lado. Esteve só.
Duas lições desta vez foram claras neste programa, normalmente viciado e favorecedor do bloco central e do pensamento único dominante (ou seja, do “plano inclinado”…):
– A convergência de Carvalho da Silva e de João Proença nas suas intervenções e denúncias fundamentadas e conhecedoras do mundo do trabalho, demonstrou como a unidade de acção sindical expressa na convocatória conjunta da Greve Geral pela CGTP e pela UGT é o caminho necessário para enfrentar esta política desastrosa e sem saída, para elevar a esperança de quantos acreditam para obrigar a uma mudança de rumo na governação.
– Saiu claramente derrotado neste debate o Governo e quantos apoiam esta caminhada para a recessão e o desemprego, para benefício dos poderosos do costume, internos e externos. Ganharam claramente os sindicatos, os trabalhadores e quantos se batem por uma mudança de rumo na governação, que aposte na mais justa repartição da riqueza e numa maior equidade na repartição dos sacrifícios.
Quanto a esta Ministra do Trabalho e Solidariedade Social, ficou a saber-se que não existe e não fará história. Quando passou de sindicalista a ministra, deu um passo maior do que a perna ao passar para o campo do poder e estatelou-se. É um erro de casting. Uma simples e fraca porta-voz de um Ministro das Finanças também desorientado, ele próprio cada vez mais desacreditado e afundado nas contradições do seu discurso e no sucessivo incumprimento de compromissos e previsões.
Sócrates tem o governo que merece, à sua imagem e semelhança. Os trabalhadores e o País é que merecem mais e melhor. Que a Greve Geral nos dê força e esperança para os combates do futuro por uma alternativa que valha a pena.
Se por amputação não quer significar o regresso a regimes ditatoriais de má memória, repressivos da liberdade e do trabalho, mas uma renovação do sistema político que dê mais saúde, mais igualdade, mais justiça na distribuição da riqueza, mais democracia e mais transparência na política, poderemos estar de acordo.
Concordo plenamente com o seu texto, o senhor escreve muito bem, mas a luz ao fundo do túnel continua apagada.
Em relação à educação também é verdade, os números não enganam… será real? Ou a quarta classe de antigamente teria muito mais valor que o 12º actual, que nem uma carta sabem escrever.
Para concluir olhemos para a justiça (levaríamos uma eternidade a discuti-la), mas vejamos as bacoradas dos srs. advogados e as reformas milionárias dos juízes.
O sistema está podre e não há anti-biótico que cicatrize esta ferida, a única forma é amputá-la.
Quem acha que não há alternativas são em primeiro lugar os que sempre se enganaram mas nunca têm dúvidas, são os que têm circulado entre o poder político, a economia e o comentário mediático, e que, apesar de responsáveis pela situação desgraçada do País e dela beneficiários principais, continuam a querer obrigar-nos a engolir as receitas de sempre. Certezas, não tenho. Mas vale a pena lutar por outros rumos alternativos à apagada e vil tristeza a que o bloco central de interesses tem condenado a maioria para benefício de uma minoria privilegiada. Ou vamos aceitar passivamente que os jovens de hoje, sendo a geração mais instruída que este País alguma vez teve, seja também a primeira a viver pior do que os seus pais?
Será que há alternativa?…
Podemos mudar as mocas, mas a m***a é a mesma.
Tem sido assim desde o Gonçalvismo.