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Campo de concentração do Tarrafal

A Universidade de Mindelo, em Cabo Verde, decidiu atribuir em 10 Dezembro o grau de “Doutor Honoris Causa” a Adriano Moreira. Assim branqueando a responsabilidade política deste ilustre professor universitário, enquanto Ministro do Ultramar da ditadura fascista do chamado Estado Novo, na reabertura do sinistro campo de concentração do Tarrafal como prisão para os militantes pela independência de Cabo Verde e das outras colónias portuguesas.

A memória histórica e a responsabilidade dos crimes não pode ser apagada, em nome de um aparente unanimismo das elites que tende hoje a apagar a responsabilidade política e histórica deste responsável da ditadura (que ele, aliás, não enjeita nas suas entrevistas e escritos, embora as tente justificar) em nome da sua inegável qualidade de académico e de pensador. O que é mais lamentável ainda é que seja uma universidade de um país hoje independente a atribuir uma honraria académica ao responsável por um campo sinistro. Não havia necessidade. Entretanto, continuam a faltar, apesar dos discursos e boas palavras,  recursos e vontade política para converter aquele espaço num grande museu que seja homenagem, pedagogia, divulgação e encontro das memórias e da história da resistência antifascista e anticolonialista, cá e lá. Como justamente há muito o Movimento Não Apaguem a Memória!  (NAM) propõe.

Aqui fica o texto do comunicado do NAM, que em boa hora não deixou passar em claro esta ofensa à nossa memória colectiva:

Comunicado

Movimento Cívico Não Apaguem a Memória – NAM

2011-1-07

 

Foi com espanto que tomámos conhecimento através da comunicação social de que “a Universidade do Mindelo da República de Cabo Verde, outorga, este sábado, 10 de Dezembro, ao professor Adriano Moreira, o grau de Doutor Honoris Causa”

Sem pôr em causa as qualidades de intelectual e de académico do professor Adriano Moreira e tendo presente a sua inserção, como político, no regime democrático, não podemos esquecer que foi Adriano Moreira, como ministro do Ultramar do regime fascista, o responsável directo pela reabertura do campo de concentração do Tarrafal, na antiga colónia de Cabo-Verde, em 1961, através da portaria nº 18.539, por si assinada e publicada,  no Diário do Governo, em 17 de Junho desse ano.

Esta homenagem de uma Universidade da República de Cabo Verde não pode deixar de ser considerada uma afronta aos patriotas de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de Angola que lutaram pela independência dos seus países e que sofreram inomináveis brutalidades, às ordens da PIDE, neste campo de concentração de má memória, onde já tinham sido condenados a morte lenta, tantos portugueses, antes de ter sido reaberto naquela data por Adriano Moreira.

 

A direcção do NAM

 

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